1. Conceito de Viveiro Florestal
Um viveiro de mudas florestais é uma organização que se destina à produção, ao manejo e à proteção das mudas até que tenham idade e altura suficientes para plantio em local definitivo, capacidade de resistir às condições adversas do local de crescimento e apresentem bom desenvolvimento.
=> condições climáticas, edáficas e logística de mercado
Para tanto, utilizam-se estruturas, insumos, procedimentos e mão de obra previamente definidos e planejados (Fundação Florestal, 2006)
2. Mercado
Demanda crescente para os cultivos de sistemas agroflorestais em pequenas propriedades
De uma forma geral, não são necessários grandes investimentos mas é preciso dominar as técnicas de conservação de sementes, germinação, construção e manejo do viveiro
Mercado-alvo: reflorestamentos, regularização ambiental, mercado consumidor de matéria-prima florestal (madeira, lenha, carvão, resinas e cascas) e de plantas nativas para paisagismo
Desafio: disponibilidade de sementes viáveis na época ideal de semeio e germinação, muda dentro do padrão de plantio na época correta
Oportunidade: créditos de carbono e compensação ambiental
Diretrizes para Implantação do Viveiro
Espécies a serem produzidas: disponibilidade de material propagativo, modo de produção
Distância do mercado consumidor
Diferencial para o mercado
3. O que faz o consumidor escolher quem será o seu fornecedor de mudas:
qualidade e origem das sementes
técnica de cultivo das espécies
resistência ao ataque de pragas
uniformidade padrão das mudas
acesso fácil ao viveiro
habilidade de negociar do gerente
proximidade dos centros consumidores
equipe técnica envolvida na produção de mudas
preço e condições de pagamento
disponibilidade imediata.
4. Exemplo de Investimento (SEBRAE)
Investimento Inicial:
Conforme a estrutura do empreendimento, o valor estimado, para o empreendedor iniciar esse tipo de negócio, pode ficar em torno de:
R$ 150.000,00
-Capital de Giro: R$ 25.000,00
-Investimento em equipamentos e instalações: R$ 110.000,00
-Faturamento bruto mensal previsto:
R$ 15.000,00
Área física necessária: 2000 m²
5. PASSOS PARA ABERTURA DE UMA EMPRESA AGROINDUSTRIAL
1º PASSO - Consulta de Viabilidade: Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) do seu município, Plano de Uso e Ocupação do Solo, Plano Diretor do município.
2º PASSO - Registro do Contrato Social e CNPJ: elaborar o contrato social e registrá-lo na Junta Comercial do Estado. Ao mesmo tempo poderá ser dada entrada no CNPJ na Receita Federal.
3º PASSO - Alvará Sanitário
4º PASSO - Inscrição Estadual: após a liberação do contrato social e do CNPJ, a empresa deverá providenciar a inscrição estadual na Secretaria da Fazenda Estadual
5º PASSO - Alvará Municipal
6. LEI No 10.711, DE 5 DE AGOSTO DE 2003
Dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas
I - registro nacional de sementes e mudas - Renasem;
II - registro nacional de cultivares - RNC;
III - produção de sementes e mudas;
IV - certificação de sementes e mudas;
V - análise de sementes e mudas;
VI - comercialização de sementes e mudas;
VII - fiscalização da produção, do beneficiamento, da amostragem, da análise, certificação, do armazenamento, do transporte e da comercialização de sementes e mudas;
VIII - utilização de sementes e mudas.
LEI No 10.711, DE 5 DE AGOSTO DE 2003
Art. 4o Compete ao Mapa promover, coordenar, normatizar, supervisionar, auditar e fiscalizar as ações decorrentes desta Lei e de seu regulamento.
Art. 5o Compete aos Estados e ao Distrito Federal elaborar normas e procedimentos complementares relativos à produção de sementes e mudas, bem como exercer a fiscalização do comércio estadual.
Art. 8º: Inscrição no Renasem
As pessoas físicas e jurídicas que exerçam as atividades de produção, beneficiamento, embalagem, armazenamento, análise, comércio, importação e exportação de sementes e mudas
§ 3o Ficam isentos da inscrição no Renasem os agricultores familiares, os assentados da reforma agrária e os indígenas que multipliquem sementes ou mudas para distribuição, troca ou comercialização entre si.
Art. 21. O produtor de sementes e de mudas fica obrigado a identificá-las, devendo fazer constar da respectiva embalagem, carimbo, rótulo ou etiqueta de identificação, as especificações estabelecidas no regulamento desta Lei.
Art. 41. Ficam proibidos a produção, o beneficiamento, o armazenamento, a análise, o comércio, o transporte e a utilização de sementes e mudas em desacordo com o estabelecido nesta Lei e em sua regulamentação.
5.3. O projeto técnico de produção deve conter, obrigatoriamente, as seguintes informações:
I - identificação do produtor (nome, no de inscrição no RENASEM e endereço completo);
II - localização e área do viveiro ou da unidade de propagação in vitro;
III - espécie, cultivar, categoria, porta-enxerto, origem do material de propagação;
IV - quantidade de mudas, por espécie e cultivar a produzir;
V - croquis de localização da propriedade e croquis do viveiro ou unidade de propagação in vitro ;
VI - cronograma de execução das atividades relacionadas a todas as etapas do processo de produção de mudas; e
VII - identificação e assinatura do responsável técnico, que deve ser engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal, conforme habilitação profissional.
8. CERTIFICAÇÃO
8.1. A certificação é o processo que, obedecidos normas e padrões específicos, objetiva a produção de mudas, mediante controle de qualidade em todas as suas etapas, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações.
8.5. O processo de certificação de mudas compreende as seguintes categorias:
I - Planta Básica;
II - Planta Matriz; e
III - Muda Certificada.
10.4. Constituem-se obrigações do responsável técnico de mudas:
I - firmar, quando responsável técnico de mudas titular, Termo de Compromisso junto ao MAPA, conforme modelo constante do Anexo VII das presentes Normas, pelo qual assume a responsabilidade técnica por todas as fases do processo relacionado às atividades do produtor de mudas, do reembalador de mudas ou do certificador de mudas, conforme o caso;
II - firmar, quando responsável técnico de mudas suplente, Termo de Compromisso junto ao MAPA, conforme modelo constante do Anexo VIII das presentes Normas, pelo qual assume a responsabilidade técnica pelas fases do processo, por ele assistidas, relacionadas às atividades do produtor de mudas, do reembalador de mudas ou do certificador de mudas, conforme o caso;
III - firmar, quando responsável técnico de mudas titular, Termo de Compromisso junto ao MAPA, conforme modelo constante do Anexo IX das presentes Normas, pelo qual assume a responsabilidade técnica por todas as fases do processo relacionado às atividades do laboratório de análise de mudas;
IV - firmar, quando responsável técnico de mudas suplente, Termo de Compromisso junto ao MAPA, conforme modelo constante do Anexo X das presentes Normas, pelo qual assume a responsabilidade técnica pelas fases do processo, por ele assistidas, relacionadas às atividades do laboratório de análise de mudas;
V - efetuar a Anotação de Responsabilidade Técnica - ART;
VI - elaborar e assinar projeto técnico de produção de mudas, quando for o caso;
VII - acompanhar, quando solicitado, a fiscalização da atividade por ele assistida;
VIII - realizar as vistorias obrigatórias estabelecidas para o viveiro ou unidade de propagação in vitro de produção de mudas, lavrando os respectivos laudos dentro dos prazos estabelecidos pelas normas específicas, quando for o caso;
IX - supervisionar e acompanhar as atividades de beneficiamento, reembalagem e armazenamento de mudas, quando for o caso;
X - supervisionar e acompanhar as atividades de análise de mudas em todas as fases de avaliação e emissão dos resultados, e também acompanhar as auditorias, quando for o caso;
XI - emitir e assinar o Boletim de Análise de Mudas, o Termo de Conformidade e o Certificado de Mudas, conforme o caso;
XII - registrar no livro de anotações ou outra forma de registro mantido no estabelecimento produtor as vistorias efetuadas e demais orientações realizadas;
XIII - comunicar ao MAPA a rescisão de contrato com o produtor, reembalador, certificador ou laboratório de análise, solicitando o cancelamento do Termo de Compromisso, no prazo de até dez dias contados a partir da data de assinatura da rescisão;
XIV - deixar, em caso de afastamento temporário ou definitivo, toda a documentação atualizada à disposição do contratante; e
XV - cumprir as normas e os procedimentos, e atender os padrões estabelecidos pelo MAPA.
7. Tipos de Viveiros Florestais
Porte e Nível Tecnológico I (Simples/Pequeno Porte)
< 50.000 mudas/ano;
Embalagens sacos plásticos;
Canteiros no chão;
Solo sem revestimento;
Área a pleno sol para fases de crescimento e rustificação;
Baixa ergonomia;
Sistema de drenagem por canaletas escavadas entre canteiros (rasas, sem revestimento ou preenchimento);
Estrutura de sombra de madeira ou bambu;
Operações manuais, irrigação semimecanizada;
Gerenciamento simples, anotações em cadernetas ou fichas das principais etapas (datas: de coleta de sementes, de armazenamento, de semeadura, de adubação, de perdas e expedição).
Porte e Nível Tecnológico II
50.000 a 100.000 mudas/ano;
Sacos plásticos ou tubetes;
Canteiros suspensos de madeira ou bandejas caixa;
Solo sem revestimento ou revestido com cascalho (baixo custo)
Canaletas de drenagem ou canaletas sem revestimento;
Estufa e/ou área de sombra;
Área a pleno sol nas etapas de crescimento e rustificação;
Operações manuais, irrigação semimecanizada;
Com ou sem estrutura ergonômica;
Gerenciamento simples, registros diários ou semanais em fichas.
Porte e Nível Tecnológico III (Médio/Grande Porte)
100.000 a 500.000 mudas/ano;
Embalagens tipo tubete;
Canteiros suspensos;
Revestimento brita, areia, outros;
Sistema de drenagem subterrâneo;
Estufa e área de sombra em estágio inicial de crescimento;
Área a pleno sol em fase de desenvolvimento e rustificação;
Operação semimecanizada de irrigação, adubação, enchimento, lavagem, outras operações manuais;
Estruturas ergonômicas;
Gerenciamento da produção detalhado, uso de computador e softwares para controle de estoque, custo e rendimentos;
Automatização de etapas produtivas (fertirrigação, hidrômetros);
Treinamento de gestão ambiental, capacitação e qualificação técnica.
Porte e Nível Tecnológico IV (Grande Porte)
500.000 mudas/ano;
Embalagem tipo tubete;
Canteiros suspensos;
Revestimento de cimento, brita, areia, outro;
Sistema de drenagem subterrâneo;
Estufa e área de sombra na fase inicial e determinadas sp;
Área a pleno sol para crescimento e rustificação;
Operacional semimecanizado de irrigação, adubação, lavagem, enchimento de tubetes, transporte de bandejas;
Estruturas ergonômicas;
Medidas de responsabilidade social;
Fontes alternativas de energia;
Controle detalhado da produção, computadores e softwares para controle de estoques, custos e rendimentos;
Automatização de etapas produtivas (fertirrigação, hidrômetros);
Treinamento de gestão ambiental, capacitação e qualificação técnica.
8. Localização do Viveiro
Para a escolha do local considerar a distância:
Do centro consumidor (raio econômico de transporte)
Para aquisição de insumos
Da fonte de água disponível (qualidade e quantidade para irrigação)
Captação e Armazenamento de Água para Irrigação
Água = Insumo de produção
Quantidade = sazonalidade?
Lâmina de irrigação: 1 (inverno) a 5 (verão) mm/dia = 1 a 5 L/m2/dia
De 3 a 6 aplicações ao dia
Reserva de água para pelo menos 3 dias
Qualidade = patógenos, microorganismos nocivos, matéria orgânica, argila em suspensão, toxidez?
Uso de filtros
9. Piso do Viveiro
Permitir boa drenagem
Assepsia – evitar micro-ambientes úmidos próximos às mudas
Condições de trabalho após chuvas pesadas
Camada de 3 a 5 cm de seixos rolados, brita no. 1 ou outro material
Declividade 0,3 – 2,0 % (escoamento enxurrada)
Exposição ao Sol
Evitar face sul, principalmente em topografias acidentadas (limitação dos raios solares)
Posicionar canteiros no sentido leste-oeste
Ventos predominantes
Maior exposição ao sol
10. Rede Viária do Viveiro
Planejado para facilitar transporte de insumos e expedição das mudas
O deslocamento de mudas dos canteiros até os carreadores deve ser o menor possível
Quanto maior o viveiro, maior a necessidade de planejamento da rede viária (ex: carreador longitudinal no centro, carreador principal circular externo ao viveiro).
11. Benfeitorias
Escritório (documentos, clientes, etc)
Almoxarifado (ferramentas, insumos, defensivos, etc)
Barracão (envasamento, abrigo de sol e chuva)
Casa de vegetação ou cobertura plástica (microclima com temperatura e umidade maiores, melhor germinação e desenvolvimento inicial das mudas, ameniza efeito dessecante da radiação solar direta, enraizamento de estacas
Casa de sombra ou sombrite 50% (fase inicial de desenvolvimento, reduz evapotranspiração)
12. Área do Viveiro
Depende diretamente da produção de mudas desejadas e dos ciclos de produção
Exemplos:
Eucalyptus e Pinus
Sacos plásticos => 1m2 = 400 sc (250g)
Tubetes => 1m2 = 960 tb (50cm3), não alternados (até 30 dias pós plantio)
Tubetes => 1m2 = 480 tb (50cm3), alternados (>30 dias pós plantio, 50% espaço vazio)
2 a 3 ciclos produtivos ao ano
Área do Viveiro
Exemplos:
Espécies Nativas
Sacos plásticos => 1m2 = 200 sc (1000g)
Tubetes => 1m2 = 960 tb (50cm3), não alternados (até 30 dias pós plantio)
Tubetes => 1m2 = 480 tb (50cm3), alternados (>30 dias pós plantio, 50% espaço vazio)
2 ciclos produtivos para pioneiras e 1 para não pioneiras ao ano
Caminhos entre canteiros = 20 a 25% da área
Considerar também a rede viária
13. Tipo de Semeadura
Semeadura Direta
Sementes com boa pureza e bom potencial de germinação
3-5 sementes/sc ou tubete (1 semente selecionada e peletizada)
10-20% de falhas (fazer replantio)
Semeadura Indireta
Canteiros de germinação (substrato arenoso para facilitar a remoção das mudas)
Repicagem para sc ou tubetes
Vantagens: melhor aproveitamento de sementes nobres (difícil aquisição, alto valor genético ou pequenas quantidades disponíveis), melhor padronização do tamanho e qualidade das mudas, dispensa replantio, menor porcentagem de falhas
Desvantagens: danos às raizes (microorganismos – ex: fungo – tombamento das muudas), maior gasto com mão de obra
14. Insumos de Produção
Água
Adubos
Substrato
Defensivos
15. Mão-de-obra
Administrativa
Supervisão
Execução
Limpeza
16. Encanteiramento
Largura máxima: 1,0 a 1,2 m
Comprimento máximo: 20 m
17. Desbaste
Retirada de excedentes de mudas (deixar 1 por recipiente)
Quando as mudas atingirem 3-4 cm de altura
Selecionar mais vigorosas
Irrigar os canteiros antes da operação
18. Remoção das mudas no canteiro
Objetivo: separar as mudas de diferentes tamanhos, padronização
Separar mudas para maior adubação – igualar as mudas
Altura das mudas de 10-15 cm
19. Rustificação das mudas
Objetivo é pré-adaptar as mudas às condições de estresse hídrico e de nutrientes para o plantio no campo
Início: 15 a 30 dias antes da expedição
Reduzir irrigação para 1/3 a ½ do normal, parar adubação nitrogenada, manter adubação potássica
Mudas ficam com folhas e hastes endurecidas
20. Expedição das mudas para o campo
Encaixotar
Cortar fundo dos plásticos (eliminar raiz pivotante enovelada)
Controle de saída
Rolo de mudas
Bandeja de tubetes
Transporte adequado
Profa. MSc. Cláudia Moster Barros
claumoster@yahoo.com.br
www.claumoster.blogspot.com
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